A construção da moda no cinema

Hollywood começou a se desenvolver e se tornar o maior centro cinematográfico do mundo a partir da década de 1920.  Nessa época foram produzidos grandes sucessos, como os filmes de Charles Chaplin, e lançados produtores famosos, como Daryl Zanuck e Samuel Goldwin.

Porém, foi só uma década depois que Hollywood chegou ao auge de sua influência, no período que ficou conhecido como ‘anos dourados’. Nessa época, foram produzidos os musicais, gênero que lançou estrelas veneradas como Joan Crawford, Louise Brooks e Gloria Swason. Apesar das características particulares, elas eram donas do estilo melindrosa, caracterizado por cabelos curtos e de pontas arredondadas, olhos marcados e batom escuro.

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           Joan Crawford, Louise Brooks e Gloria Swason

            Admiradas por homens e mulheres, essas atrizes se tornaram ainda mais conhecidas devido ao surgimento das revistas de fãs, que aproximavam os artistas e popularizavam seu modo de vestir e viver. Nesse contexto surgem as divas, intocáveis e idolatradas por milhares de fãs. Greta Garbo, Jean Harlow, Marlene Dietrich e Katherine Hepburn modificam seus corpos para alcançar o ideal de perfeição e logo passam a inspirar mulheres que desejavam copiá-las.

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Greta Garbo

           O figurino se tornou parte essencial para o sucesso de um filme e destaque das atrizes, que tinham o guarda-roupa supervalorizado. Hollywood passou a contratar estilistas próprios, que investiam neste meio como forma de promoverem suas criações.

Nesse novo cenário aparece Edith Head, considerada a maior figurinista de Hollywood e vencedora de oito Oscars de melhor figurino. Entre os filmes que vestiu estão os clássicos Janela Indiscreta, Sabrina e A Princesa e o Plebeu.

Porém, apesar do glamour mostrado pela sétima arte, as mulheres de classe média e baixa não tinham condições de aderir ao estilo lançado pelas estrelas das telonas. Por isso, a maquiagem e os penteados eram os elementos mais copiados.

Se opondo ao jeito sexy de Marilyn Monroe, surgem atrizes que encantam com o estilo elegante e até ingênuo. Entre as maiores representantes estão Grace Kelly e Doris Day, que popularizam as saias amplas, acessórios com pérolas e cintura marcada, ressaltando a delicadeza feminina. Rita Hayworth lança a moda dos cabelos cacheados e compridos, no filme Gilda, em que imortaliza um dos vestidos mais clássicos do cinema.

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Grace Kelly

            Mas foi lá no final dos anos 1950 que surgiu uma das maiores parcerias entre o cinema e a moda, que influenciaria mulheres de várias épocas e idades: Hubert de Givenchy e Audrey Hepburn, que queria fugir dos padrões hollywoodianos da moça cheia de curvas.

Muitos consideram o filme Bonequinha de Luxo, em que Audrey encarna a prostituta de luxo Holly Gollitly, a maior influência do cinema na moda. Na primeira cena, a personagem desce de um táxi em frente à loja Tiffany, na Quinta Avenida, em Nova York e caminha diante das vitrines observando as joias. A atenção fica toda no clássico tubinho preto usado por Audrey e assinado por Givenchy, imortalizando o filme, a atriz e o estilista. Outros trajes icônicos usados pela Bonequinha e copiados ainda hoje são a calça capri com sapatilhas de balé, o vestido rosa que marca a cintura, os óculos escuros gigantes, a tiara de diamantes e os saltos altos.

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Figurinos de Sabrina e Bonequinha de Luxo

            O cinema sempre lançou peças iconográficas, como o vestido rosa usado por Marilyn em Os Homens Preferem as Loiras, o vestido branco esvoaçante em O Pecado Mora ao Lado; os vestidos usados por Vivien Leigh em …E o Vento Levou, até os visuais futuristas e óculos escuros de Matrix, passando pelos balangandãs de Carmen Miranda e o visual masculinizado de Diane Keaton em Noivo Nervoso, Noiva Neurótica.

Nos últimos anos, a moda lançada pelo cinema pode ser vista também fora das telas, especialmente no tapete vermelho, onde as atrizes buscam criatividade e inovação que servem de inspiração para milhares de fãs. O estilo é reinventado a cada época e se baseia em referências históricas e no contexto em que a sociedade está inserida, criando elementos efêmeros ou eternos.

Por Thaís Tarelho.